(Bloomberg) — Há muito tempo o dólar tem sido uma opção de refúgio para investidores globais. Mas, nas fases pós-recessão com apoio fiscal, a estratégia pode ganhar ainda mais força como aposta na recuperação global.
Com isso em mente, à medida que os fluxos de capital para os EUA aumentam, a demanda pela moeda pode seguir a mesma trajetória, para grande desgosto de operadores que começaram 2021 com apostas de baixa do dólar excessivamente ampliadas.
Os EUA injetaram trilhões de dólares na economia, com mais estímulos a caminho, sempre com o objetivo de apoiar a economia durante a pandemia e impulsioná-la à medida que as vacinas são distribuídas. O mercado precifica a tendência com investidores que preferem cada vez mais ativos sensíveis à economia, como ações de pequena capitalização.
Com a recuperação de empregos e gastos nos EUA, investidores internacionais devem se apressar para ganhar exposição à recuperação dos EUA, possivelmente levando a uma rotação de ações estrangeiras para papéis dos EUA. Para isso, precisarão de dólares. E esses fluxos de capital devem impulsionar a moeda americana.
“Acreditamos que um melhor desempenho econômico nos EUA se traduzirá em vantagem cíclica para o USD vs G-10 não produtores de commodities em particular”, acrescentou Lignos. “Historicamente, o oposto raramente foi verdadeiro.”
As consequências de uma recuperação do dólar podem ser de longo alcance. Em ações, a correlação inversa entre o dólar e o S&P 500 está na máxima de vários anos desde o início da pandemia. A fraqueza do dólar incentiva investidores globais a comprarem ações dos EUA, que são vistas como caras.
Com uma corrida para ações dos Estados Unidos e, consequentemente, para o dólar, essa relação pode ruir à medida que ambos aumentam. Mesmo as commodities podem se tornar menos sensíveis ao dólar se houver um projeto de lei de infraestrutura ou um amplo retorno aos escritórios.